Ideário arminiano. Abordagens sobre a teologia clássica de Jacó Armínio: suas similaridades, vertentes, ambivalências e divergências.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Os Cinco Artigos da Remonstrância (1610)

Artigo 1
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Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os costumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.
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Artigo 2
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Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.
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Artigo 3
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Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].
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Artigo 4
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Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo [At 7 e alibi passim].
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Artigo 5
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Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo [Jo 10.28]. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.
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* Estes artigos foram inspirados por Jacobus Arminius através da divulgação e registro de suas idéias em sala de aula, debates públicos, cartas e declaração aberta de seus sentimentos teológicos.
Os arminianos remonstrantes só vieram a publicar a remonstrância, protestando por reparos nos Catecismo de Heidelberg e na Confissão Belga, em 1610, após a morte de seu mestre que se deu no ano de 1609.
Após a rejeição de seus artigos, passaram por uma severa perseguição
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As idéias defendidas por Jacobus Arminius que corrobora os artigos remonstrantes são:
1- na eleição com base na presciência de Deus. Deus salva os que dantes ele conheceu; portanto elegem os que ele sabe que creriam.
2 – Cristo morreu para todos, sendo que a eficácia de sua morte é restrita somente aqueles que crerem.
3 - Dependência da graça de Deus para que o homem entenda, queira e pratique as boas obras.
4 – Na possibilidade da resistência da graça por parte do homem. De modo que, o homem só pode alcançar a salvação por meio da graça, mas através de seu livre-arbítrio pode resisti-la.
5 – Na graça subseqüente, ou seja, suficiência da graça para firmar o homem na fé. Neste artigo a exemplo da posição de Arminius, fica em aberto a questão sobre a possibilidade de o homem cair e se desviar depois de alcançar e vivenciar as benesses da graça. Arminius, embora defenda a suficiência da graça para a salvação, admitia existir passagens bíblicas que parecem indicar a possibilidade do crente negligente cair.
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* Lailson Castanha

domingo, 1 de fevereiro de 2009

John Goodwin e o "Novo Arminianismo" inglês.

John Goodwin (1595-1665), foi pregador, polemista, político e teórico, num período em que não existia separação entre religião e política. Nascido na Inglaterra esse puritano fora fortemente influenciado pelo arminianismo, abandonado as idéias calvinistas outrora adotadas, tornando-se então um arminiano.
John Goodwin foi um grande teólogo, e esteve por diversas vezes envolvido em questões teológicas controversas. Escreveu cerca de 60 obras dentre livros e panfletos. Dentre essas questões, defende, a exemplo de Jacobus Arminius, a idéia da expiação ilimitada e dissertou em um de seus panfletos “Romanos nove”, enfatizando a justificação pela fé.
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Sua defesa a tolerância religiosa foi um dos indícios da influência de Arminio sobre suas idéias, e, inclusive, por enfatizar a tolerância, fora chamado de “apóstolo da liberdade de consciência”.
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Por absorver e vivenciar idéias arminianas recebeu fama de desenvolver e liderar na Inglaterra o movimento “Novo Arminianismo” (New Arminianism).
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Lailson Castanha.
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Sobre o livro Redemption Redeemed (redenção e redimidos), de John Goodwin.

John Goodwin, um raro puritano arminiano, defende a expiação ilimitada admiravelmente. Apesar de basear-se principalmente nas Escrituras, ele também oferece alguns argumentos da razão e da história eclesiástica. Os argumentos bíblicos primários de Goodwin são baseados em passagens que dizem que Cristo morreu para o mundo, que dizem que Cristo morreu para todos, sobre a oferta universal do Evangelho, passagens que dizem que Cristo morreu por aqueles que enfim, perecem, e passagens que dizem que Deus não deseja que ninguém não pereça. Goodwin explica claramente o que quer dizer "expiação ilimitada" e o que não diz respeito. Com sólida razão finaliza que Cristo morreu por todos, revendo a posição histórica da igreja sobre esta questão. Goodwin fornece um nível singular de profundidade sobre as questões. Por exemplo, ele entra na palavra "mundo" em detalhes e, em seguida, reduz a absurdidade, múltiplas interpretações calvinista de passagens como João 3:16.
Com os seus múltiplos contra-argumentos, cobre todos os argumentos calvinistas, com as explanações detalhadas de sua posição, e os contrastes com opiniões calvinistas, em ângulos múltiplos, cristaliza o ponto de vista arminiano da extensão e da expiação. Ao passo de realizar sua missão de defender expiação ilimitada, Goodwin dá ao leitor algumas verdadeiras jóias, entre elas, podemos citar sua asserção sobre a vontade de Deus, bem como a sua explicação sobre eleição condicional. O estilo de Goodwin é semelhante à maioria dos Puritanos e como tal, o livro, "Redemption Redeemed" (redenção e redimidos) é uma leitura rígida. Poderíamos utilizá-lo como uma ferramenta de referência. Em sua parte traseira há um índice detalhado de referências. Mas o meu conselho é para se colocar em trabalho e retirar o máximo de recompensa. Vale a pena!
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Dan Chapa

Tradução e adaptação: Lailson Castanha

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GOODWIN, John. An Exposition of the Ninth Chapter of the Epistle to the Romans with the banner of justificaton displayed.

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Como Jacobus Arminius acredito que: "As Escrituras são a regra de toda a verdade divina, de si, em si, e por si mesmas.[...] Nenhum escrito composto por Homens, seja um, alguns ou muitos indivìduos à exceção das Sagradas Escrituras[...] está isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras. É tirania, papismo, controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para a tal conduta tirânica." (Jacobus Arminius) - Contato: lailsoncastanha@yahoo.com.br

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