Ideário arminiano. Abordagens sobre a teologia clássica de Jacó Armínio: suas similaridades, vertentes, ambivalências e divergências.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Erro dos Pelagianos.

 Erro dos Pelagianos

 Luis de Molina (1535-1600)

12. O erro dos pelagianos surgiu nos tempos de Santo Agostinho, depois de que este escrevera os livros de seu De libero arbítrio e muitas outras obras insignes, como ele mesma atesta em suas Retractationes (lib. 1, cap. 9 (1)). Esse erro se opõe a verdade e a fé e era totalmente contrario ao dos maniqueus. Pois Pelágio e seus seguidores engrandeciam, mais do que o justo as forças do livre arbítrio, em detrimento a graça necessária para a nossa salvação. Sobretudo, afirmaram que nosso primeiro pai, quando pecou, só se prejudicou a si mesmo. Também sustentavam que todos os seus descendentes, nasceram exatamente iguais ao nosso primeiro pai quando criado por Deus antes de pecar, a saber, sem mancha alguma de pecado. Por essa razão, segundo eles, o livre arbítrio só, sem auxílio da graça se basta, não somente para crer nos artigos da fé, evitar todos os pecados, superar todas as paixões, vencer todas as tentações que podem desviar o passo durante todo o curso da vida e fazer-se digno da vida eterna, senão também para obter, através do arrependimento alcançado exclusivamente em virtude das forças do livre arbítrio, o perdão dos pecados, nisso crêem eles. Isto os levou a atribuir à graça de Deus, tão somente que o homem tivesse sido dotado com o livre arbítrio e com a faculdade de não pecar, do mesmo modo, que Deus tivesse introduzido sua Lei em nossas mentes, ou, igualmente, no-la tivesse proposto de palavra ou por escrito. Porém em relação aos pecados já cometidos, certamente atribuíam a própria graça seu perdão e condenação; não obstante, criam que o homem só podia fazer-se merecedor desse perdão através do arrependimento obtido em virtude das forças de seu livre arbítrio. Por este motivo, pensavam que o livre arbítrio somente, sem outro auxílio da graça, se basta para alcançar a salvação, como atestavam muitos autores, entre eles, sobretudo, Santo Agostinho (heresia 88(2) e Epístola 106 ad Paulinum (3)) e também os pais dos concílios de Cartago e de Milão(4) e cartas do Papa Inocencio I, que aparecemen no primeiro tomo dos Concilios (5) (antecedendo as cartas 15 e 16 de Inocencio I), e nas Epistolae (t. 2, cc. 90, 92(6)) de Santo Agustinho. Contra este erro Santo Agostinho escreveu De natura et gratia (7).

Tradução do espanhol: Lailson Castanha
______
(1) Cfr. n. 3ss; PL 32, 595ss.
(2) PL 42, 47ss.
(3) Ep. 186 (al. 106); PL 33, 815-832.
(4) Mansi 4, 321-324, 334-336.
(5) Lorenzo Surius, Tomus primus conciliorum omnium, tum generalium, tum provincialium atque
particularium, Coloniae 1567.
(6) Ep. 175 (al. 90) y Ep.
(7) PL 44, 247ss.


MOLINA, Luis de.Concordia del libre arbítrio. Traducción de Juan Antonio Hevia Echevarría de Luis de Molina,Biblioteca Filosofía en español, Fundación Gustavo Bueno, Oviedo 2007.
Parte primera Sobre las fuerzas del libre arbitrio para obrar el bien.
Comentarios al artículo 13 de la misma cuestión 14
Disputa I
Sobre los errores acerca de la presciencia divina,
nuestro libre arbitrio y la contingencia de las cosas


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Teologia relevante.

Teologia relevante.

Pesquisando sobre a obra teológica de Jacobus Arminius, me deparei em uma de suas teses expostas, com um lindo exemplo de praxis teológica, unida a atitude de fé e humildade.
Depois de comentar sobre seu entendimento a respeito da glória de Deus, o teólogo holandês, findando sua argumentação, faz o seguinte convite aos que se deparam com a sua argumentação:


“(...)Mas, cessando de qualquer *discussão mais prolixa desse assunto, deixemo-nos com ardentes orações suplicantes, rogando ao Deus de Glória, que, uma vez que Ele nos formou para a sua glória, Ele nos faça, ainda mais e mais, instrumentos de demonstrar sua Glória entre os homens, por Cristo Jesus, nosso Senhor, o esplendor da sua glória, e a expressa a imagem de sua Pessoa.”(1)

Essa é uma linda lição aos teóricos do pensamento teológico.

É muito difícil, em quase todas as áreas do conhecimento especulativo, encontrar teóricos que conseguem unir teoria e prática. No estudo teológico essa deficiência é também percebida. Fala-se sobre Deus, teoriza-se sobre o Altíssimo, sobre conceitos ligados a fé, porém, geralmente, na prática, a emprêsa teológica pouco produz. Nem sempre, ou quase nunca, o maior aprofundamento teórico sobre as coisas de Deus, produz, naquele que teoriza -, tremor e temor. Das idéias apreendidas no estudo teológico, poucas coisas são levadas em consideração, levando aquele que conjectura, refletir sobre as implicações que aquelas idéias absorvidas lhe exigirão.

Diferentemente de muitos teólogos academicistas, a atitude de Jacobus Arminius é exemplar. Depois de conjecturar sobre a glória de Deus, levando o assunto a sério, o teólogo, também conhecido por James Arminius, ou Tiago Arminio, assumiu a necessidade premente de clamar a Deus, para que sua glória – assunto que fora abordado na controvérsia - seja percebida em sua vida, a fim de que, com isso, os homens possam percebê-la, e assim, também, possam glorificar o Senhor da Glória.

Com essa atitude, mesmo que indiretamente, o teólogo holandês nos deixa uma lição: O Estudo Teológico jamais pode ser um fim em si mesmo, pelo contrário, deve levar aquele que estuda a uma viva reflexão, com a finalidade de, em conexão com as ideias absorvidas, engendrar ação. Assim como a fé sem obras é morta, teoria, ou, teologia sem reflexão, sem motivação, sem ação, sem reação prática não tem nenhum valor real, a não ser, amontoar e apresentar informações irrelevantes para as pessoas, que por sua vez, buscam respostas relevantes para questões pertinentes – sobre Deus, as Escrituras, a fé e suas implicações.

Teologia relevante é aquela que faz o teórico, o estudante, o professor, o clérigo, ou qualquer pessoa que de suas teorias se apropria, se posicionar diante do mundo, em consonância com as ideias dela apreendidas, ou, que provoque aquele ou aquela que se dela se aproxima, a uma tomada de posição, a uma atitude coerente em relação as coisas que, através do estudo teológico são lhes apresentadas.

Se com Sócrates, a filosofia ensinou o homem a se apequenar, porque diante da totalidade do real ele nada sabe - a teologia deve ensinar o homem a se colocar na posição de humildade, pois, diante da grandeza de Deus, tão precariamente estudado e teorizado pelo limitado e falível estudo teológico, ele nada é em si mesmo; só é alguém quando acolhe sua vocação originária de glorificar a Deus.
Se nada somos, devemos, juntamente, ou a exemplo de Jacobus Arminius, “com ardentes corações suplicantes” rogar “ao Deus de Glória, que, uma vez que Ele nos formou para a sua glória, Ele nos faça, ainda mais e mais, instrumentos de demonstrar sua Glória entre os homens, por Cristo Jesus, nosso Senhor, o esplendor da sua glória, e a expressa a imagem de sua Pessoa.”(2)

Lailson Castanha
______
(1) The Works of James Arminius, Vol. 1
(2) Ibid.
http://wesley.nnu.edu/arminianism/the-works-of-james-arminius/public-disputations-james-arminius-dd-dedication/
* “discussão mais prolixa desse assunto.” - Quando Jacobus Arminius pronunciou essa assertiva estava a dissertar teologicamente sobre a glória de Deus
Gravura: Santiago em Oração de Rembrandt - (15 de julho de 1606 — 4 de outubro de 1669)


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Como Jacobus Arminius acredito que: "As Escrituras são a regra de toda a verdade divina, de si, em si, e por si mesmas.[...] Nenhum escrito composto por Homens, seja um, alguns ou muitos indivìduos à exceção das Sagradas Escrituras[...] está isento de um exame a ser instituído pelas Escrituras. É tirania, papismo, controlar a mente dos homens com escritos humanos e impedir que sejam legitimamente examinados, seja qual for o pretexto adotado para a tal conduta tirânica." (Jacobus Arminius) - Contato: lailsoncastanha@yahoo.com.br

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